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Rua Coimbra

O BRÁS DOS BOLIVIANOS

Feira de Arte, Artesanato, Cultura e Gastronomia da Rua Coimbra

Rua Coimbra - Brás

Sábados, 15h às 22h e aos domingos, 8h às 17h

Organizado pela ASSEMPBOL (Associação de Empreendedores Bolivianos da Rua Coimbra)

Ao ouvir o nome Rua Coimbra, podemos imaginar que o local seja repleto de portugueses, mas São Paulo é uma cidade tão cosmopolita que tem uma rua com nome de uma cidade de Portugal repleta de bolivianos.

A feira chamou nossa atenção pelas bandeiras bolivianas espalhadas pelas barracas de cores vibrantes (vermelho, amarelo e verde). Pelos cheiros, música ambiente, pela diversidade de produtos e pelas vozes das anunciantes na frente dos salões de cabeleireiros, às chamadas peluquerias. Não se assuste ao ouvir alguns gritos em espanhol chamando os visitantes para cortar o cabelo ou usar internet. Kalin Capa, uma das anunciantes, nos explicou que esse é o trabalho das anunciantes, chamar o público, algo que nunca tínhamos visto até então.

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Rua Coimbra - Foto por Bruno Sereno

Localizada no Brás, e também próxima à estação Bresser do metrô, linha vermelha, zona leste de São Paulo. Assim que saímos da estação, ao conversarmos sobre a feira ganhamos um guia turístico simpático, Luiz. Ele foi nos acompanhando até o local contando sobre a quantidade de coisas diferentes que iríamos encontrar logo à frente, mas apenas ao entrarmos na feira que entendemos essa proporção.

Na rua vimos que os doces são muito coloridos, como pipocas de várias cores. Tem barracas de grãos e farinhas tradicionais da Bolívia. Empanadas salteñas, prato tradicional que recebe recheio de frango, carne ou vegetais. O plato paceño, prato típico da cidade de La Paz, com milho, batata e molho picante.

Além de barracas de  roupas artesanais tradicionais, eletrodomésticos também são vendidos na rua. Existem lonas espalhadas pelo chão com celulares usados, pilhas e baterias. Mas o que mais vimos foi os helados que são as raspadinhas para os brasileiros. Só que esses helados são de vários sabores em um único copo.

Como a feira acontece na rua, não tem banheiros públicos. Notamos a presença de alguns bêbados pelo local. Algumas pessoas nos explicaram que acontece brigas na feira e nas ruas próximas devido ao consumo de álcool.

O público é predominantemente boliviano, não só na feira como também em bares nas ruas aos arredores. Ainda assim, conhecemos duas colombianas, Carolyne Barco e Diana Arala, que estavam descansando na feira no horário de almoço. Karoline explicou pra gente o que faz ela gostar da feira da Rua Coimbra “acho que dá para as pessoas, mesmo do Brasil, conhecerem outra parte sem necessidade de viajar, sabe? Porque aqui vocês  conseguem algumas coisas que não vão conseguir em uma loja. É importante que as pessoas conheçam a cultura dos outros países sem necessitar viajar”.

PATRIMÔNIO DO POVO BOLIVIANO

A Rua Coimbra é patrimônio dos imigrantes bolivianos, direito conquistado em 2014 quando a prefeitura de São Paulo regularizou a feira, mas o comércio ocorria informalmente desde 2003. Quando foi regularizada, assim como o bairro da Liberdade é bem característico ao Japão, a Rua Coimbra era pra seguir os moldes da Bolívia, com estilizações e ambientação que buscasse caracterizar a cultura estrangeira, porém até agora não foi realizada nenhuma reforma.

Para os bolivianos a Rua Coimbra é um local de moradia, uma vez que a prefeitura de São Paulo estima que mais de cem famílias bolivianas moram na rua e isso é igual a 90% dos moradores. Também é lugar de trabalho, comercialização dos produtos e principalmente faz a cultura prevalecer na união dos patrícios.

Fotos por Bruno Sereno
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Yedson Escobar

Cabeleireiro durante o dia, estudante de enfermagem a noite. Yedson separa o tempo nestas duas profissões distintas em busca de independência e estabilidade financeira. Trabalha de cabelereiro na rua Coimbra somente aos sábados para complementar na passagem do curso durante a semana. Enquanto conversávamos, sua prima Kalin, que também trabalhava no salão, anunciava aos gritos na porta para possíveis clientes na rua. O que é algo de costume, pois ao lado havia um salão com a mesma estratégia de venda.

Yedson veio de La Paz a mando de seus pais. "Eu vim para porque foi mais um castigo para mim. Lá eu estava muito folgado, fazendo coisa errada, se não era coisa errada estava fazendo besteiras, nem ia para a escola e minha mãe ficou brava comigo". Mudou-se para a cidade Perus, zona noroeste de São Paulo, na casa de sua tia Graciela Escobar, que trabalha em sua própria oficina de costura. Mas Yedson alugou uma casa recentemente.

Sobre as tradições bolivianas, Yedson diz que não mantém como antigamente. “Quando eu cheguei, ela (Graciela) era mais tradicional. Hoje em dia ela é mudou bastante, ela até fala comigo em português. No WhatsApp ela me liga e fala oi, está fazendo o que? Antigamente não era assim, era tudo em espanhol“. Perguntamos a ele se voltaria para Bolívia, e respondeu: “Para viver não. Eu voltei só ano passado. Depois de nove anos eu voltei para lá. Agora eu não sei, talvez daqui cinco anos eu volto a visitar a minha família. Praticamente fiz minha vida aqui”.

Daneth Magaly

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Em meio a tantas barracas e restaurantes de comidas típicas latino americanas. A cozinha de Daneth despertou nossa curiosidade ao ver uma bandeira boliviana e outra brasileira estendidas lado a lado ao fundo do estabelecimento alugado. Simples gestos que denunciavam seu amor materno as duas pátrias.

Daneth veio ao Brasil com intuito de ganhar mais dinheiro e pela quantidade de bolivianos que já viviam no país. Mas o que motivou mais foi buscar um tratamento de um câncer de mama, que faz há cinco anos. Nos últimos dois anos, trata em Mogi das Cruzes toda semana. “Tenho que fazer mais cinco anos de tratamento. Tenho um câncer muito ruim, muito agressivo”.

Ela vem a Coimbra aos finais de semana junto com sua filha, afim de ajudar nos custos de seus medicamentos. “Muitas vezes falta, mas depois recebo ajuda do governo”. E elogiou a ação para outros bolivianos. “É muito bom. Eu falo para os bolivianos que estão na Bolívia e tem câncer de mama que aqui tem um atendimento muito bom. O brasileiro tem um coração muito bom para ajudar a gente que não tem dinheiro".

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