

Penha
COMEMORAÇÕES DO PAÍS VIZINHO
Feira de Artesanato e Comidas Típicas Pueblo Andino
Parque do Rosário - Penha
Aos domingos, 10h às 18h
Organizado por Associação dos Feirantes da Feira Cultural de Artesanato e Culinária Típica do Largo do Rosário
A feira Pueblo Andino, no bairro da Penha, acontece desde 2012, legalmente estabelecida pela subprefeitura da Penha. As barracas são de cores azul e branca, assim como a igreja do Rosário, que fica na praça onde a feira acontece. A feira nos chamou atenção através da sua organização. As barracas possuem o mesmo tamanho e padronagem. Além disso, são divididas entre os salgados e grãos, comida e artesanato.
Diferente de outras feiras que ainda buscam apoio, essa tem um banheiro ativo e funcionando. Também possuem um batalhão de polícia que faz ronda. A feira não comercializa bebida alcoólica, evitando brigas e desentendimentos.
A mesma é destinada a todo o público imigrante e brasileiros, para celebrar a união cultural. A feira tem um logotipo com todas as bandeiras de todos os países, “nós podemos correr de acordo a uma universalidade e assim montar um conjunto um com o outro. Com o folclore, o folclore de vocês é muito rico, tem muitas danças lindas”, relata Jorge Loayza, frequentador da feira.
Fotos por Bruna Santana
UM CALENDÁRIO REPLETO DE FESTAS
A feira possui um calendário fixo, para recordar e celebrar datas importantes. Algumas são datas específicas para os bolivianos e outros são conhecidas mundialmente.
Começando por janeiro, tem a festa de Alasitas. É uma festa tradicional da comunidade boliviana em louvor a Ekeko, que é o Deus da prosperidade e da abundância dos povos andinos. A celebração tem danças, músicas e comidas típicas do país. A tradicional comemoração reproduz, em formato de miniatura, as feiras comerciais da colônia. Na festa é possível encontrar casas, carros, diplomas, animais, passaportes e também o Deus Ekeko. Os bolivianos acreditam que o que você comprar na feira você vai conseguir, basta ter muita fé. Por exemplo, se você comprar uma casa em miniatura, você vai conseguir uma casa. Em São Paulo essa festa também acontece no Memorial da América Latina.
Em fevereiro, assim como no Brasil, existe o carnaval. Na Bolívia, o carnaval acontece na cidade de Oruro, que é a capital folclórica da Bolívia. Esse carnaval mistura tradições andinas com católicas. Na feira, no carnaval as danças também são típicas da Bolívia: Chuta, Amoseñada, Tarqueada, entre outras.
No mês de março acontece uma comemoração para o dia dos pais, que dispensa apresentações. E diferente do Brasil, o dia das crianças na Bolívia acontece em abril. Na feira eles distribuem presentes e colocam brinquedos como pula-pula, para as crianças bolivianas.
Outras festas que dispensam apresentações são as que acontecem no mês de maio. O dia do trabalhador, que é comemorado mundialmente e o dia das mães.
Já em junho, é a vez do ano novo Aymara ou ano novo Andino-Amazônico, que diferente do Brasil é celebrado em 21 de junho, devido ao solstício do inverno. Este é um caso em que o sol parece estar mais distante da terra, por causa do grau de inclinação em relação ao sol. Este fato faz com que o planeta receba menos luz e o dia parece ser mais curto. Este dia é comemorado pelos não religiosos, Collas da Bolívia, termo que denomina os habitantes que moram nas terras baixas da Bolívia. Ele representa o novo ano, porque é o ressurgimento do sol.
No mês de julho é comemorado o aniversário do departamento da paz. Eles fazem a eleição de cholita pasaña, que é uma vestimenta tradicional no departamento da paz. Também tem danças típicas da Bolívia.
Em agosto, no dia 6, é comemorada a fundação da Bolívia. Comemoram com desfile simbólico e também imitam as danças típicas da Bolívia.
Setembro é comemorado por ser o mês da primavera, e muitos na Bolívia falam que é o mês da morte. Outubro comemora novamente o dia das crianças, agora a data brasileira. A revista da City Penha ilustrou essa comemoração na edição de novembro.
Em novembro eles lembram dos santos, eles fazem figuras com massas de pão, é um costume boliviano. A escada que fazem, por exemplo, eles falam que é para subir e encontrar uma pessoa que já morreu descendo. E o sol é para iluminar o caminho. Por fim, em dezembro é comemorado o natal.

Maria René
Nasceu na cidade de Sucre, que é distante de La Paz, devido a isso sua aparência é diferente de outros bolivianos que vem para o Brasil. Ela acredita que sofra menos preconceito e com isso é menos retraída que outros bolivianos que ficam mais tímidos porque são discriminados aqui. "Mas eu vi que os bolivianos sofrem um tipo de preconceito porque só vem para trabalhar e acabam tirando o emprego dos brasileiros".
Há apenas seis meses no Brasil, deixou a família na Bolívia para estudar música aqui e faz trabalhos voluntários em uma ONG, o C.A.M.I. (Centro de Apoio ao Imigrante), localizada no Anhangabaú. Na instituição, Maria ajuda outros imigrantes na parte dos direitos, documentos de identificação, situações de preconceito e trabalho escravo, ela é a representante do bairro da Penha. Pretende fazer um mestrado em Relações Internacionais depois de terminar os estudos musicais.
Em sua primeira passagem pelo Brasil em 2012, fazendo trabalho missionário em Jacareí, interior de São Paulo, achou o brasileiro muito acolhedor e legal com imigrantes. Na capital paulista está vendo um outro lado dos brasileiros: preconceito e ignorância. Presenciou situações em que a palavra boliviano era usada como xingamento, e viu seu povo ser generalizado como caras de bolacha e entendeu que os imigrantes precisam de ajuda para enfrentar esse tipo de situação.